Dois novos fragmentos dos Fasti Ostienses, uma espécie de crônica gravada em lajes de mármore, foram encontrados no Parque Arqueológico de Ostia Antica

Dois novos fragmentos dos Fasti Ostienses foram descobertos no Parque Arqueológico de Ostia Antica, na sequência de investigações realizadas na Área B do sítio, correspondente ao Fórum da Porta Marina. Trata-se de uma espécie de crónica gravada em lajes de mármore: relatam notícias valiosas sobre a história política e monumental de Roma e Ostia de 49 a.C. a 175 e talvez mais além.

Os detalhes das atividades diárias do imperador romano Adriano, que construiu monumentos incluindo o Panteão durante seu reinado de mais de duas décadas, foram inscritos nos Fasti Ostienses, um tipo de calendário que narra eventos envolvendo imperadores e outros funcionários da Roma antiga que foram redigido pelo pontífice Volcani, a mais alta autoridade religiosa local.

As descobertas surgiram da segunda campanha de escavações do projeto Ops – Ostia Post Scriptum, com curadoria do Parque em colaboração com a Universidade de Catânia e a Universidade Politécnica de Bari.

Um dos dois fragmentos recém-recuperados, que os especialistas dizem combinar perfeitamente com outro encontrado anteriormente no local, data de 128 d.C., durante o reinado de Adriano. A inscrição refere-se a acontecimentos ocorridos naquele ano, incluindo 10 de janeiro, quando Adriano recebeu o título de pater patriae, ou pai de seu país, e sua esposa, Sabina, o de Augusta. Segundo a inscrição, Adriano celebrou a ocasião oferecendo um congiar dedit, ou doação em dinheiro, ao povo.

Posteriormente, em 10 de abril de 128 (ante diem III Idus April lê a inscrição) o imperador partiu para a África e, retornando a Roma entre o final de julho e o início de agosto e antes de viajar para Atenas, consagrou (Consecravit, lê a inscrição) um edifício, certamente um templo na Urbe. Existem duas possibilidades: o Panteão, ou mais provavelmente o Templo de Vênus e Roma. Segundo uma hipótese muito sugestiva, a consagração pode ter ocorrido em 11 de agosto de 128 d.C., ou no aniversário da ascensão de Adriano ao trono em 117.

“Esta é uma descoberta extraordinária que, se por um lado aumenta e complementa o que sabemos sobre a actividade do grande imperador que foi Adriano ao trazer novas aquisições sobre a importantíssima actividade de construção que conduziu em Roma, por outro lado reconfirma o imenso potencial da antiga Ostia para um conhecimento e popularização cada vez mais profundo do nosso passado”, disse o diretor do Parque Arqueológico da Antiga Ostia, Alessandro D'Alessio.

“Mesmo a última campanha de escavações recém-concluída no Parque Arqueológico de Ostia nos dá tesouros de valor inestimável e fontes documentais muito preciosas para compreender as atividades do grande imperador Adriano. A descoberta de dois fragmentos dos Fasti permite-nos revelar peças importantes da vida de Ostia e da capital. Estas escavações trouxeram também à luz restos de diversas decorações e extensas porções do piso de mosaico que em breve estarão visíveis ao público, tal como já foi conseguido noutros sítios arqueológicos do nosso país graças à actividade desenvolvida nestes. meses pelo Ministério da Cultura”, disse o ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano.

Fragmentos de Fasti Ostienses foram descobertos pela primeira vez no local em 1940 e 1941 e novamente entre 1969 e 1972, incluindo um que se junta ao fragmento recentemente redescoberto. A laje combinada narra o período AD126-128. Alguns dos fragmentos do calendário, que variam entre 49 d.C. e 175 d.C., estão em exibição nos Museus do Vaticano.

Antigo Parque Arqueológico de Ostia

Foto da capa: Ministério da Cultura italiano

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